top of page

Projeto ambicioso no Triângulo Mineiro dá os primeiros passos

Redação Brinde-SE


Vinícola Arpuro está sendo iniciada em Uberaba / Foto: Divulgação

Em março de 2020, na cidade de Uberaba, localizada na região do Triângulo Mineiro, foram dados os primeiros passos para a construção da Vinícola Arpuro. Baseado em alta tecnologia, atualmente o projeto está na fase de plantio de 2,5 hectares de syrah, marsanne e sauvignon blanc.


Valério Marega Júnior, um dos sócios do empreendimento, conta que tudo começou com sua mudança temporária, junto com a esposa e os dois filhos, de São Paulo (onde atua no mercado financeiro) para a fazenda da família na cidade mineira, durante o período de pandemia.


"Ao chegar, comprei uma estação meteorológica com interligação com órgãos de clima, como o Wunderground e o Thingspeak", explica Marega. "Como não posso ficar sem conexão com a internet, fiz um investimento maciço em banda larga, fibra ótica de 100 Mb, o que possibilitou espalhar diversos gadgets pela propriedade".


O ponto decisivo foi a implantação da estação meteorológica, pois os dados indicaram que a amplitude térmica permitiria o cultivo de uvas. "Sempre soube que era muito frio à noite e bastante quente de dia. As medições mostraram que as temperaturas noturnas ficavam entre 10 ºC e 12 ºC e, de dia, chegavam a 40 ºC no verão e 35 ºC no inverno".


Além da excelente amplitude térmica, o local possui altitude de 860 metros e o solo é arenoso, com boa absorção. É cortado pela rodovia BR 050, facilitando o escoamento da futura produção. Além disso, Uberaba está numa posição geográfica privilegiada, a 500 km de grandes mercados consumidores, como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia.


Assessoria especializada


Com os dados meteorológicos em mãos, Marega começou a pesquisar sobre produção de vinhos e encontrou algumas matérias que mencionavam a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a técnica da colheita de inverno.


Após entrar em contato e enviar os dados, recebeu a resposta da enóloga Isabela Peregrino afirmando que solo, temperatura e altitude proporcionavam as condições para o cultivo, mas que seria necessária avaliação de agrônomos. O empresário buscou, também, o suporte da Vitácea Enológica, que fez uma análise prévia da propriedade e confirmou as impressões anteriores.


Investimento em alta tecnologia


Um dos destaque do projeto da Arpuro é o forte aparato tecnológico. Além do sistema de internet banda larga, há 25 câmeras de monitoramento, porteiras que abrem e fecham por aplicativos, irrigação do pomar conectada à internet e uso de energia solar.


"Fui investindo e cada vez estava mais curioso. Quando percebi, tinha quase tudo à mão, mas o bem mais precioso são os dados que consegui", conta Marega. A análise do solo foi realizada em três laboratórios diferentes e em diversas ocasiões, para seja feito o melhor preparo possível da terra.


Com o suporte da Coopercitrus, cooperativa de laranja de Bebedouro (SP), realizou-se o mapeamento do solo, utilizando um drone para decidir o melhor sentido para o plantio, ruas, enxurradas e outros detalhes que seriam praticamente imperceptíveis a olho nu.


O trator usado na propriedade é guiado apenas por GPS, com possibilidade zero de erro humano e maior precisão. A irrigação conta com sensores de pH da água antes e depois da mistura dos fertilizantes. Há sensores de umidade do solo que monitoram, com precisão, a irrigação necessária, assim como "hidrômetros" que apuram a quantidade exata de água utilizada em cada quadra. Todo esse aparato é ligado ao wifi para coleta de dados, que são armazenados na nuvem e podem ser acessados remotamente.


No vinhedo, foi instalada uma estação meteorológica exclusiva conectada ao MatLab (ligado ao MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts), para monitoramento ainda mais preciso do clima. "Acredito que estamos fazendo o mais tecnológico plantio do Brasil", orgulha-se o empresário.


"Big Brother" do vinho


Para quem ficou curioso e quer ver de perto o "nascimento" da Arpuro, é possível acompanhar o trabalho em tempo real, pela conta @arpuro.wine no Instagram. Cada preparativo vem sendo registrado com riqueza de detalhes.


Em 2022, a área de cultivo deve ser ampliada em 15 hectares. "Estou particularmente animado com as castas viognier, cabernet franc e merlot, simplesmente porque gosto dos vinhos", brinca Marega. Ele se diz impressionado cada vez mais com a qualidade dos rótulos da região Sudeste: "não perdem em nada para bons portugueses, italianos... Muito pelo contrário, vários superam, e muito, europeus e sulamericanos".


O desafio da Arpuro é produzir com a mesma qualidade das vinícolas já consolidadas, com um preço competitivo. Marega, que está no projeto com seus quatro irmãos, revela estar muito animado com as perspectivas: "se vai sair vinho de excelência ainda não sabemos, mas vou extrair o que há de melhor do terroir".


bottom of page